Volume 11, No. 4 
October 2007

 
  Dayse Batista  José Henrique Lamensdorf

 
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Book Review
 
 

Engenheiros do Destino/Engineers of Fate

de/by José Henrique Lamensdorf

Dayse Batista


American Edition (BookSurge):
Engineers of Fate
ISBN 1-4196-1265-4
4¼" x 7" - 192 pages - soft cover (pocket book)
US$ 13.99
Amazon: http://www.amazon.com/Engineers-Fate-J-H-Lamensdorf/dp/1419612654;
Booksurge (a editora, que é do grupo Amazon): http://www.booksurge.com/Engineers-of-Fate/A/1419612654.htm;

Edição brasileira (LivroPronto):
Engenheiros do Destino
ISBN 10: 85-98627-42-9
ISBN 13: 978-85-98627-42-7
14 x 21 cm - 158 páginas - capa mole com orelhas
R$ 24,90
Editora: http://www.livropronto.com.br//livro/liv_engenheiros_destino.asp.


 

uando eu tinha uns 10 anos, deitada na grama do quintal em noites de verão, fitando o mar de estrelas muito além do meu serzinho pequeno e solitário, costumava pensar que não fazia sentido simplesmente nascer, crescer e morrer—tendo alegrias e decepções entre o começo e o fim, mas ao final, morrendo como todos os outros humanos, como os insetos, as flores, os mamíferos e tudo o mais que tivesse vida física. Nessas noites da pré-adolescência, começando a descobrir o mundo, eu procurava respostas simples para perguntas que só se tornariam cada vez mais complicadas, com o passar dos anos.

Certamente, mais ou menos dos dez anos até o fim da vida, a pergunta mais poderosa que nos fazemos é sempre sobre o porquê de estarmos no mundo. Depois vêm outras, e para essas encontramos parte das respostas na filosofia, astronomia—até na astrologia—, psicologia, e outras "ias" criadas para satisfazer nossa ânsia por respostas.

Você alguma vez teve a sensação arrepiante de que esse show legítimo da vida em geral é espantosamente bem coordenado, para ser um mero acaso ou um passatempo de deuses que não compreendemos? Já se espantou com coincidências esquisitas, sincronicidades, marés de sorte ou ondas de extremo azar? Você já teve a impressão de que apesar de sermos as criaturas mais inteligentes a pisar neste planeta, ainda assim não somos os donos do espetáculo e que a equipe de produção falha ocasionalmente, provocando coisas feias como guerras, pragas, grandes catástrofes naturais e outras calamidades? Ao admirar a grandiosidade de uma obra arquitetônica, a beleza extrema de uma estátua ou a sublime elevação do espírito provocada por uma sinfonia vibrante, você já se perguntou por que há tamanha disparidade em talentos, vocações e oportunidades no mundo? E, ao pensar nesse incrível espetáculo da vida, já chegou a perguntar-se para que, afinal, serve tudo isso?

Engenheiros do Destino não lhe impõe um conhecimento profundo, nem pretende mastigar e lhe devolver prontas para consumo teorias complicadíssimas da física ou astronomia. Não tenta convencê-lo de uma verdade absoluta. Não servirá como auto-ajuda no sentido de lhe entregar algumas fórmulas bonitas que, segundo o autor, resolverão se não todos, pelo menos os problemas que o levaram a comprar o livro.

Engenheiros do Destino não quer lhe revelar segredos ocultos há séculos em imagens de pintores famosos, em pisos de igrejas antigas ou papiros recém descobertos. Na verdade, ao ler o livrinho aparentemente singelo—mas realmente estimulante—de José Henrique Lamensdorf, descobrimos que seu maior mérito é tornar claro e explicar o que às vezes intuímos sobre os mais variados temas que nos preocupam.

Lamensdorf nos oferece uma luz reveladora, com a qual aponta a coerência máxima naquilo que vemos como aspectos aparentemente discrepantes da existência.

Nessa teoria geral do funcionamento do universo, ele aborda, com idéias fascinantes e inesperadas, coisas tão diversas como reencarnação, homossexualidade, viagens no tempo, astrologia, poder, fantasmas e aparições, experiências extracorpóreas, transplantes e, até mesmo, o processo de traduzir.

engenheiros do Destino mexe com as idéias do leitor, levando-o a ampliar as indagações e explicações oferecidas, após cada parágrafo. Não é para preguiçosos mentais. E pode causar efeitos colaterais—essa é, de fato, a intenção de Lamensdorf, ao apresentar os responsáveis pelo real show da vida e um pouquinho do roteiro e da produção envolvida no espetáculo.

Não recomendado para materialistas empedernidos, pessoas sem fé em coisa alguma, pessoas secas e sem um mínimo de humor. Absolutamente contra-indicado para aqueles que consideram que tudo já foi explicado ou que a sua própria teoria é a única que conta.

hen I was 10, I enjoyed lying down on the grass in the yard on summer nights and gazing at the countless stars far beyond my lonely and small being. I used to think that it made no sense just to be born, grow up, and die—having joy and frustration in the meantime, but at the end dying like all others, like insects, flowers, mammals, and everything else that had a physical life. In those pre-teen nights, while beginning to discover the world, I looked for simple answers to questions the complexity of which would only grow over the years.

Certainly, between an age around ten and the end of our lives, the most powerful question we ask ourselves is usually about the reason for our being in the world. It is followed by more complex questions, but for these we find partial answers in philosophy, astronomy—sometimes even astrology—psychology and other "-ies" created to satisfy our craving for answers.

Have you ever had the creepy feeling that this show we see as life is amazingly too well orchestrated to happen just by chance, or to be the pastime of gods beyond our comprehension? Did unbelievable coincidences, synchronisms, lucky or unlucky streaks ever puzzle you? Did you ever get the feeling that in spite of our being the most intelligent creatures on this planet, we are not running the show, and that the production crew now and then fails, allowing undesirable events such as wars, plagues, natural catastrophes, and other calamities? Upon admiring the grandeur of some architectural work, the extreme beauty of a sculpture, or the sublime spiritual arousal induced by a vibrant symphony, did you ever wonder why there is so much disparity in talents, avocations, and opportunities in the world? And while pondering over this amazing show that life is, have you ever asked yourself what's the point in doing all this?

Engineers of Fate does not impose any deep knowledge on you, nor does it attempt to pre-digest and regurgitate complex theories on physics or astronomy for your consumption. It doesn't strive to sell you an absolute truth. It won't work as self-help by handing you some neat recipes that, according to the author, will solve— if not all—at least those problems that made you buy the book.

Engineers of Fate does not intend to disclose secrets to you that were held concealed for centuries in famous painters' works, on floors of ancient churches, or in recently discovered scrolls. Actually, after reading this apparently uncomplicated—though thoroughly stimulating—book by J. H. Lamensdorf, we discover that its key value is in clarifying and explaining what our intuition tells us about the most varied issues of concern to humans.

Lamensdorf provides us a with a revealing light, which points to the absolute consistency of what we envisage as apparently conflicting views on our existence.

In this general theory about how the universe functions he uses unexpected and fascinating ideas to deal with such diverse issues as reincarnation, homosexuality, time travel, astrology, power, ghosts and apparitions, out-of-body experiences, transplants, and even the process of translating.

Engineers of Fate challenges the reader's reasoning, inviting him to expand and elaborate on the questions and explanations given in every paragraph. It is not intended for lazy-minded people. Furthermore, it may have side-effects—this is actually Lamensdorf's intent when shedding light on those actually in charge of the show of life, as well as on some of the screenplay and the producers involved.

It is not recommended for hard-core materialists, faithless and humorless ogres. It is definitely contraindicated for people who believe that everything has already been explained, or that their own theory is the only valid one.